Uma conversa entre mulheres nunca é uma simples conversa. É difícil explicar, mas percebo que, quando as mulheres se unem para falar de suas “dores e delícias”, uma atmosfera de conexão se abre, possibilitando um exercício de entendimento sobre nós mesmas.
É através dos diálogos cheios de empatia que é possível extrair os aprendizados. Não importa o assunto. Filhos, família, trabalho, saúde, ancestralidade… Os instintos se expandem e as mulheres criam uma espécie de Olho de Thundera, que permite a “visão além do alcance”. Assim, podem apoiar o problema da outra, a partir de suas intuições, do seu conhecimento ou das suas próprias experiências.
Apenas uma mulher pode compreender as dores e dificuldades de outra mulher em plenitude. Quando uma mulher se cura, muitas se curam junto. Da mesma forma, muitas mulheres sangram, quando uma única sangra. Essa comunhão faz parte do “ser mulher”. Por isso é tão importante estarmos em uma boa rede de conexões femininas, independente da nossa fase da vida. É fundamental não só para apoiar os momentos de dificuldade, mas também para nossa evolução coletiva.
Círculo de Mulheres
Felizmente, tem se tornado cada vez mais comum nos dias atuais a realização dos círculos de mulheres. Os grupos se reúnem, a fim de aprofundar e reconectar com a sua feminilidade autêntica, muitas vezes perdida com o mundo moderno.
Em um Círculo de Mulheres, é possível exercitar o autoconhecimento, a cura das feridas emocionais e a conexão com o poder pessoal de cada mulher. É um caminho para melhorar a relação delas com o mundo que as rodeia e, sobretudo, para direcioná-las a escolhas mais alinhadas com as suas essências.
Simbolicamente num círculo todas as mulheres estão no mesmo patamar. A dinâmica do falar, ouvir, dançar, meditar, consagrar permite que as mulheres atinjam seus objetivos. Na pauta desses encontros, estão assuntos variados, que vão desde a veneração e estudo das Deusas de todas as mitologias e a semelhança delas com cada mulher, assim como a influência que os ciclos da natureza e seus elementos tem sobre nosso corpo e psique.
Ferramenta de autoconhecimento
Ao longo da história, as mulheres se reuniram em comunidades e círculos para compartilhar experiências, sabedoria e conhecimentos sobre a vida, a espiritualidade e a feminilidade. Esses círculos, espaços sagrados e seguros, têm sido revividos nos tempos modernos como uma ferramenta poderosa para o autoconhecimento e o fortalecimento da identidade feminina.
Com o movimento das mulheres de buscarem por um retorno às raízes espirituais e ancestrais, os círculos de mulheres têm ressurgido como espaços de cura, apoio e crescimento pessoal. Esses círculos proporcionam um ambiente acolhedor onde as mulheres podem compartilhar suas histórias, expressar suas emoções, celebrar suas conquistas e enfrentar seus desafios.
Para as mulheres, o autoconhecimento é especialmente relevante, pois muitas vezes são pressionadas por expectativas sociais, papéis tradicionais e estereótipos sociais. Conhecer-se profundamente permite que a mulher se desprenda dessas amarras e viva de acordo com sua verdadeira natureza.
Espelho e Espaço de Escuta
O círculo de mulheres atua como um espelho, refletindo a experiência de cada mulher de maneira compassiva e sem julgamento. Ao compartilhar e ouvir as experiências umas das outras, as mulheres se enxergam refletidas em diferentes perspectivas, o que pode trazer clareza sobre suas próprias vidas e desafios. A escuta empática e o apoio mútuo fortaleceram os laços entre os participantes, criando uma sensação de irmandade e compreensão.
Nos círculos de mulheres, há uma valorização da sabedoria ancestral feminina. A transmissão de conhecimentos, práticas espirituais e ancestrais é um ato de conexão com as mulheres que vieram antes de nós, honrando e preservando a essência feminina ao longo das gerações.
O círculo de mulheres é um espaço onde a mulher pode se sentir aceita e autoconfiante. Sem o receio de ser julgada, a mulher se sente livre para expressar seus sentimentos, medos e sonhos. Essa aceitação e encorajamento mútuo criam um ambiente propício para o crescimento pessoal e a expansão da consciência.
Nos círculos, as mulheres frequentemente incorporam rituais e celebrações que honram os ciclos naturais da vida, da lua e da feminilidade. Esses rituais ajudam a mulher a se conectar com a natureza, com seu corpo e com a espiritualidade, proporcionando um senso de pertencimento e integração com o universo.
Através do círculo de mulheres, a mulher é incentivada a reconectar-se com sua intuição e criatividade inatas. Ao ouvir sua voz interior e expressar-se de forma autônoma, ela encontra a coragem para tomar decisões pautadas pela sua verdadeira essência.
Prática Ancestral
Os círculos de mulheres têm sido uma prática ancestral que atravessa diversas civilizações ao longo da história da humanidade. As origens dos círculos de mulheres remontam a culturas ancestrais, onde as mulheres se reúnem em comunidade para celebrar rituais, honrar a Deusa, compartilhar sabedoria sobre cura, ervas medicinais e outros conhecimentos essenciais para a sobrevivência da tribo. Essas reuniões fortaleceram os laços entre as mulheres e criaram um senso de irmandade e apoio mútuo.
No Egito Antigo, as mulheres se reúnem em templos dedicados a Deusa Ísis para honrar a designação feminina e buscar orientação espiritual. Esses círculos de mulheres tinham como objetivo conectar-se com o divino feminino, celebrar a fertilidade e a criação, além de transmitir conhecimentos sobre medicina, magia e outras artes sagradas.
Na Grécia Antiga, as mulheres participavam dos cultos dedicados às deusas, como Deméter e Ártemis. Esses cultos envolviam rituais, danças, cantos e cerimônias em círculo, fortalecendo o senso de comunidade e o poder feminino na sociedade.
Nas culturas indígenas de diferentes regiões do mundo, os círculos de mulheres têm sido uma prática essencial para a preservação da sabedoria e tradições ancestrais. As mulheres eram as guardiãs dos conhecimentos sagrados, da medicina natural e dos rituais de cura.
Idade Média e Inquisição
Com o avanço do patriarcado e a concentração às mulheres sábias durante a Idade Média, os círculos de mulheres foram reprimidos e criminalizados. Mulheres acusadas de bruxaria ou práticas consideradas “heréticas” eram perseguidas, julgadas e condenadas à morte, produzidas em uma cabeça ainda maior da sabedoria feminina.
Com o renascimento feminino, as mulheres passaram a reivindicar seu espaço e voz na sociedade. A revitalização dos círculos de mulheres tornou-se uma forma de resistência e fortalecimento, onde as mulheres podiam se expressar livremente, apoiar umas às outras e buscar a igualdade.
Nos tempos contemporâneos, o ressurgimento dos círculos de mulheres tem sido uma resposta à necessidade de conexão, cura do feminino. Mulheres de todas as idades e origens se reúnem-se em círculos para compartilhar suas histórias, explorar a espiritualidade, expressar sua criatividade e promover o crescimento pessoal.
A história dos círculos de mulheres é uma jornada fascinante de sabedoria. Essa prática ancestral tem sido um farol de luz em diferentes civilizações, proporcionando um espaço sagrado onde as mulheres podem se reunir, compartilhar, aprender e se fortalecer mutuamente.
Dos rituais das deusas nas antigas civilizações à resistência contemporânea, os círculos de mulheres têm desempenhado um papel crucial na preservação da sabedoria feminina, na promoção do autoconhecimento e no fortalecimento das mulheres. À medida que mais mulheres se unem em círculos, essa tradição milenar continua a florescer e nutrir o potencial transformador do poder feminino coletivo.
Tem interesse em participar de um círculo de mulheres?
Então fica o convite para participar do Círculo do Despertar da Loba. Os encontros acontecem presencialmente, em Salvador, Bahia.
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