“Você está ótima, os exames estão normais.” Eu passei por duas ginecologistas que falaram exatamente isso pra mim, enquanto sentia insônia, ansiedade, esquecimento, calores repentinos ou uma exaustão sem fim. Se você passou por isso também saiba: você não está sozinha. Muitas mulheres passam por essa fase sem saber que o nome dela é perimenopausa — o período que antecede a menopausa e que, apesar de cheio de sintomas, ainda é invisível para boa parte dos profissionais de saúde.
A perimenopausa é uma fase de transição natural, que pode começar anos antes da menopausa e trazer mudanças hormonais intensas. Mas como os exames nem sempre mostram alterações claras e os sintomas são parecidos com os de outras condições, muitas mulheres escutam que “é estresse”, “coisa da idade” ou, pior ainda, “frescura”. Enquanto isso, sua saúde emocional, física e mental se desequilibra silenciosamente.
Essa invisibilidade gera confusão, frustração e até autossabotagem. Mulheres fortes, inteligentes, cheias de vida, começam a duvidar de si mesmas. Sentem vergonha de não estar bem, de não “dar conta”, quando na verdade estão vivendo uma fase que exige cuidado, informação e apoio real.
É por isso que o diagnóstico da perimenopausa precisa de mais do que exames: precisa de escuta. De profissionais atualizados, empáticos, que entendam o impacto das flutuações hormonais. Precisa também do seu olhar atento para si mesma. Conhecer seu corpo, perceber seus sinais e buscar ajuda é o primeiro passo para atravessar essa fase com mais equilíbrio e vitalidade.
Você não precisa aceitar o cansaço como algo normal. Você não precisa conviver com insônia, ondas de calor ou mudanças de humor sem entender o que está acontecendo. O climatério não é o fim — é o começo de uma nova forma de viver, com mais consciência, presença e autocuidado.
Menopausa, perimenopausa e climatério: afinal, qual é a diferença?
Esses três termos costumam ser usados como sinônimos, mas representam momentos diferentes na jornada hormonal da mulher — e entender cada um deles é essencial para que você possa se cuidar com mais consciência e autonomia.
🔸 Menopausa é o marco oficial do fim da fase reprodutiva da mulher. Ela é confirmada quando a menstruação está ausente por 12 meses consecutivos, sem outras causas. Geralmente acontece entre os 45 e 51 anos, mas pode variar. Esse é o ponto em que os ovários encerram sua função de ovulação e produção hormonal regular.
🔸 Perimenopausa é a fase de transição que antecede a menopausa. Ela pode começar anos antes da última menstruação — normalmente por volta dos 40 anos, mas às vezes até antes dos 35. Durante esse período, os hormônios oscilam bastante e surgem sintomas como menstruação irregular, ondas de calor, insônia, irritabilidade, queda da libido e até névoa mental. É quando o corpo começa a sinalizar que mudanças profundas estão por vir.
🔸 Climatério é o guarda-chuva que engloba todo esse processo: começa na perimenopausa, passa pela menopausa e se estende até a pós-menopausa, podendo durar vários anos. É uma fase de transformações físicas, emocionais e até espirituais, que exige atenção integral ao bem-estar da mulher.
Saber em qual fase você está ajuda a buscar o apoio certo, o tratamento mais adequado e, principalmente, a não se sentir sozinha. Com informação, autocuidado e acompanhamento médico, é possível atravessar todas essas etapas com mais leveza, saúde e plenitude.
Como é feito o diagnóstico da perimenopausa?
Diferente do que muitas mulheres imaginam, o diagnóstico da perimenopausa não depende exclusivamente de exames laboratoriais. Ele é feito, principalmente, por meio da escuta atenta do ginecologista, que avalia os sintomas relatados e considera a idade da mulher e o histórico do seu ciclo menstrual.
Ondas de calor, insônia, irritabilidade, perda de memória, alterações no humor, menstruação irregular, queda da libido… Todos esses sinais contam — mesmo que seus exames digam que está “tudo normal”. Muitas vezes, a mulher já está vivendo a perimenopausa, mas como os níveis hormonais ainda oscilam bastante, os exames podem não mostrar alterações claras de imediato.
Em alguns casos, o médico pode solicitar exames de sangue para verificar os níveis de estrogênio, progesterona e FSH (hormônio folículo-estimulante), que ajudam a entender melhor o estágio da transição hormonal. Também é comum investigar a função da tireoide, já que problemas nessa glândula podem provocar sintomas parecidos com os da perimenopausa, como cansaço extremo, alterações de humor e menstruação irregular.
O mais importante é encontrar um profissional que leve seus sintomas a sério, que tenha escuta ativa e conhecimento atualizado sobre o climatério. De preferência, busque uma ginecologista especializada em menopausa. Ela terá maior sensibilidade para olhar seu caso. O diagnóstico é, acima de tudo, um caminho de autoconhecimento e cuidado com você mesma.
Tratamento da perimenopausa
O tratamento da perimenopausa deve sempre ser individualizado e feito com orientação do ginecologista, respeitando as necessidades, os sintomas e o histórico de cada mulher. Essa fase pode trazer uma série de desafios físicos e emocionais, por isso, o cuidado precisa ser integral — indo além da simples reposição hormonal.
Em muitos casos, mudanças simples na rotina já podem trazer alívio significativo. Adotar uma alimentação mais equilibrada, reduzir o consumo de ultraprocessados, praticar atividades físicas regularmente e cuidar da qualidade do sono são estratégias poderosas para ajudar o corpo a lidar melhor com as flutuações hormonais. Esses hábitos também previnem doenças cardiovasculares, osteoporose e melhoram o bem-estar geral.
Quando os sintomas estão mais intensos ou impactando a qualidade de vida, o médico pode indicar o uso de antidepressivos para lidar com quadros de ansiedade ou depressão, ou até gabapentina, um medicamento que tem se mostrado eficaz para reduzir as ondas de calor. Já os contraceptivos hormonais podem ser recomendados para estabilizar os níveis hormonais e evitar uma gravidez indesejada — que ainda pode acontecer durante essa fase.
Para mulheres que sofrem com secura vaginal, dor ou desconforto nas relações, o uso de lubrificantes vaginais e hidratantes específicos pode proporcionar mais conforto e melhorar a qualidade de vida íntima, algo essencial para a autoestima e o bem-estar da mulher madura.
Em casos selecionados, pode ser indicada a terapia de reposição hormonal (TRH), mas essa decisão deve ser feita com muito critério. O ginecologista avaliará fatores como histórico de câncer de mama ou útero, doenças tromboembólicas, hipertensão, entre outros. A TRH pode ser uma grande aliada, mas não é indicada para todas — e só deve ser iniciada com acompanhamento médico contínuo.
O mais importante é lembrar: você não precisa passar por essa fase sozinha ou em silêncio.
Existem tratamentos, caminhos e profissionais que podem te ajudar a atravessar a perimenopausa com mais equilíbrio, autonomia e dignidade.
O começo de uma nova fase
A perimenopausa pode ser desafiadora, confusa e, muitas vezes, solitária — especialmente quando seus sintomas são ignorados ou desacreditados. Mas essa fase também pode ser um convite profundo ao autoconhecimento, à reconexão com seu corpo e à construção de uma nova rotina de cuidado e bem-estar.
Entender o que está acontecendo com você, dar nome aos sintomas, buscar apoio especializado e acolher suas emoções é um ato de força. Você não está perdendo o controle — você está entrando em uma fase de transição natural, que merece respeito, informação e acompanhamento.
A boa notícia? Você não precisa atravessar tudo isso sozinha. Há caminhos possíveis, tratamentos eficazes e uma vida inteira esperando por você — com mais equilíbrio, autonomia e vitalidade.
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