Fórum 50+ discute longevidade ativa e o desafio da intergeracionalidade

Fórum 50+ discute longevidade ativa

Nos dias 10 e 11 de abril, Salvador foi palco do Fórum 50+: Longevidade Ativa, Produtiva e de Valor, um evento inédito que trouxe à tona o debate sobre envelhecimento populacional, inclusão no mercado de trabalho e a importância de uma vida madura com autonomia e saúde. Com realização da Damicos Consultoria, especializada em liderança e sustentabilidade, o Fórum, que aconteceu no auditório da Federação das Indústrias da Bahia (FIEB), reuniu especialistas de todo o Brasil e atraiu cerca de 300 participantes de diversos setores.

Para Fábio Rocha, diretor-executivo da Damicos, a iniciativa é essencial diante da nova realidade demográfica do país. “Hoje, 15,2% da população brasileira tem mais de 60 anos e, até 2030, teremos 40 milhões de brasileiros nessa faixa etária. É urgente preparar a sociedade para esse novo cenário”, destacou.

O desafio da intergeracionalidade nas empresas

Um dos principais temas abordados no Fórum foi o desafio que as empresas enfrentam para lidar com a intergeracionalidade. Com quatro ou mais gerações convivendo no mesmo ambiente de trabalho, é necessário repensar práticas de gestão e incluir a diversidade etária nas estratégias de inclusão e inovação.

“A experiência dos profissionais mais velhos é um ativo ainda subestimado. Muitas vezes, quem passou por crises econômicas, mudanças tecnológicas e transformações sociais profundas não consegue reconhecer o valor que carrega. Nosso objetivo é mudar essa percepção, tanto entre os profissionais quanto nas lideranças empresariais”, explicou Fábio Rocha.

Combate à ideia de desatualização

Outro ponto de atenção do Fórum 50+ foi o esforço para derrubar o estigma da desatualização profissional associado à maturidade. Em um mercado que valoriza a inovação e a velocidade, a senioridade muitas vezes é vista como sinônimo de obsolescência — um preconceito que precisa ser combatido.

“Hoje, vemos pessoas com 70 anos iniciando novas graduações, buscando novos desafios. A sociedade precisa entender que a capacidade de aprender e de se reinventar não tem idade”, reforçou Fábio. O evento propôs estratégias para promover a valorização da maturidade, como programas de atualização contínua, mentoring reverso e ações de integração entre gerações.

Educação para a longevidade ativa

O Fórum também trouxe a necessidade de educar a população para a importância da longevidade ativa — um conceito que envolve não apenas viver mais, mas viver com qualidade, autonomia e saúde. Um dos palestrantes do evento, o Dr Egídio Dórea, coordenador do Programa 60+ da USP, destacou que, para isso, é fundamental investir em prevenção à saúde, planejamento financeiro e engajamento social ao longo da vida.

Para Dr Egídio, o Brasil ainda precisa despertar para essa realidade. “Muitas vezes, evitamos pensar no envelhecimento, mas é uma etapa natural e que pode ser extremamente rica. A preparação para a longevidade deve começar cedo, e passa por políticas públicas, iniciativas empresariais e mudança de mentalidade social”, alertou.

 

Os desafios da longevidade feminina

Dentro desse cenário, a longevidade feminina apresenta desafios específicos que merecem atenção especial. As mulheres vivem, em média, mais do que os homens — no Brasil, segundo o IBGE, a expectativa de vida é de 79,7 anos para elas, contra 73,1 anos para eles. No entanto, viver mais nem sempre significa viver melhor.

Pesquisas indicam que as mulheres têm uma duração de vida saudável menor do que os homens, convivendo mais tempo com doenças crônicas e fragilidades físicas, especialmente após a menopausa, quando aumentam os riscos de problemas cardiovasculares e de desenvolvimento de Alzheimer. 

A idade avançada, por si só, é um fator de risco para essas condições, como explica Bérénice Benayoun, professora associada da Escola de Gerontologia Leonard Davis da Universidade do Sul da Califórnia.

Além das questões de saúde, as mulheres enfrentam maiores desafios no mercado de trabalho na maturidade, muitas vezes acumulando os impactos de carreiras interrompidas, desigualdades salariais e discriminação etária e de gênero. E, na esfera social, elas também precisam lidar com a solidão e a reconstrução de redes de apoio, já que muitas vivem mais tempo viúvas ou sozinhas.

Por isso, promover um estilo de vida saudável, que incentive o movimento, a alimentação equilibrada, os novos aprendizados e as conexões sociais, é fundamental para garantir uma longevidade ativa e de qualidade para as mulheres. 

Esse olhar atento à especificidade da experiência feminina foi reforçado no Fórum 50+, que propôs uma reflexão mais ampla sobre como construir uma sociedade mais inclusiva e acolhedora para todos.

 

Um marco para a Bahia e o Nordeste

Com mais de 33 anos de atuação, a Damicos Consultoria aposta que este Fórum é apenas o começo de uma mudança necessária. Esse foi o primeiro evento na Bahia a tratar o tema com essa profundidade e, provavelmente, um dos principais do Nordeste. 

“A partir de agora, queremos ampliar esse movimento, para que a maturidade seja cada vez mais reconhecida como um valor — nas empresas, nas políticas públicas e na sociedade”, finalizou Fábio Rocha.

 

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